quinta-feira, 12 de setembro de 2013

RODAS DE CONVERSA

Módulo 2





A linguagem oral está presente no cotidiano das creches e pré-escolas. Porém é preciso lembrar que, para se comunicar, não basta saber falar. As crianças têm de se apropriar dos modos sociais de expressão nas diferentes situações do dia a dia: no diálogo, na conversa coletiva, em ocasiões informais ou formais. Isso é possível pela mediação do professor, que interpreta os gestos, apoia a significação da fala, cria contextos comunicativos interessantes e, assim, sustenta, acompanha e alimenta a produção discursiva dos pequenos. Para tanto, o coordenador pedagógico deve fundamentar o trabalho de linguagem e o planejamento de propostas capazes de fomentar uma comunidade cada vez mais falante. Pensando nesse desafio, Silvana de Oliveira Augusto, professora do Instituto Superior de Educação Vera Cruz (Isevec) e coordenadora de cursos a distância do Instituto Avisa Lá, ambos em São Paulo, sugere uma sequência de trabalho que enfoca a discussão sobre a roda de conversa.

Objetivo geral
Formar professores da Educação Infantil, tendo em vista a promoção de experiências fundamentais às crianças de 2 a 5 anos, como ler, conversar, conhecer o mundo natural e social, desenhar e pintar, ouvir e produzir música, dançar e brincar de faz de conta e com jogos de regras.

Objetivo específico deste módulo
- Orientar um plano de formação para a implementação e/ou qualificação da roda diária de conversa em grupo.

Conteúdos
- Características da conversa como prática social de comunicação.
- O papel do pensamento sincrético na conversa das crianças pequenas.
- Intervenções do professor na preparação dos assuntos para conversar em grupo bem como para promover o diálogo entre as crianças.
- O planejamento da roda de conversa.

Tempo estimado
Três meses, com reuniões quinzenais.

Material necessário
Um computador com acesso à internet, uma filmadora e um projetor multimídia.

Desenvolvimento

1ª reunião: Características da conversa

Comece falando informalmente sobre assuntos do cotidiano do grupo e da escola ou curiosidades pessoais. A ideia é aproximar o professor do objeto do conhecimento em si - no caso, a própria conversa - para depois fazer uma reflexão sobre as melhores condições para tal prática. Ao fim do bate papo, proponha ao grupo listar os comportamentos mais comuns. Alguns exemplos do que pode acontecer:

- As pessoas olham para quem fala.

- Ninguém interrompe o colega que está se pronunciando.

- Quem escuta também se manifesta com risos, gestos ou expressões.

- Os integrantes do grupo aguardam um sinal corporal do palestrante antes de se manifestarem.

- Se o assunto é polêmico, todos falam ao mesmo tempo - e nem sempre isso é um problema.

- Há quem faça várias coisas durante a conversa: anota algo no caderno e dialoga com o vizinho sem que isso implique em falta de atenção.

- Nem sempre a discussão segue um único foco. É comum um assunto puxar o outro e a conversa se ampliar.

Registre tudo o que o grupo apontar e levante questões que ajudem a avaliar as rodas com as crianças. Os adultos se dirigem aos pequenos olhando-os nos olhos? Quais as situações comunicativas mais comuns entre os bebês? E entre os maiores? O quanto elas estão próximas da prática real de conversar? De que modo as crianças aprendem a tomar a palavra? Há artifícios para isso - o professor faz rodízio entre elas ou orienta para que elas levantem a mão para pedir a vez? Esses procedimentos são necessários? A turma é estimulada a responder em coro ou a trazer respostas pessoais com relatos, explicações e narrativas? Como ensinar os pequenos a conversar respeitando as características dessa prática social? Conclua sistematizando as ideias que serão utilizadas nas próximas rodas, que devem acontecer diariamente, sempre abrindo as atividades do dia. Veja o exemplo:
Orientações para a roda de conversa
Como propor a roda

- Organizar um espaço adequado, em que todos se sentem confortavelmente e possam se ver.

- Levar assuntos que incentivem o grupo a contar seus relatos, e não apenas a responder ao professor.

- Dispor de novos dados e fontes de informação - como jornal e revistas - para alimentar temas debatidos anteriormente.

O que as crianças aprendem

- A conversar, considerando as falas dos colegas e interagindo com eles.

- A organizar relatos do cotidiano.

- A pensar, ordenar ideias e expressar uma opinião sobre o assunto em questão.
Peça para que os professores observem, ao longo da semana, a rotina das rodas feitas com a turma e escrevam sobre as seguintes questões: quais são as práticas de conversa existentes na sala? Que comportamentos sociais as crianças desenvolveram para conversar em grupo?
Coordenador Disponibilize aos professores o quadro-síntese das orientações para a roda de conversa, pois ele servirá de apoio para a atividade de avaliação no fim desta sequência. Solicite que um voluntário faça o registro das reuniões e compartilhe com todos, criando um histórico do processo de formação do grupo.
Para saber mais sobre o desenvolvimento da linguagem verbal, leia com o grupo um trecho do volume III do Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil, do Ministério da Educação (MEC), disponível aqui

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