terça-feira, 15 de dezembro de 2015


Início dia 11 de janeiro de 2016 
Termino 18 de fevereiro de 2016
Centro de Educação Infantil Alegria do Saber - Bairro Presidente Vargas
Centro de Educação Infantil Favinho de Mel - Bairro 1° Maio
Centro de Educação Infantil Zilda Arns - Bairro 1° Maio

Período de Férias.


Retorno ao ano letivo dia 17/02/2016 para professores 
Dia 22/02/2016 para alunos.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Para ter criatividade, resiliência e coragem é preciso Brincar

Por Giovana Barbosa de Souza, gestora institucional da Aliança Pela Infância
O que é criatividade? é o exercício do ato da criação, da experimentação  de provar as coisas que dão certo e as que não dão, de experimentar nossos limites, nossos desafios e nossos medos. Essa ação começa com o exercício  da vida por meio do Brincar.
No ato da descoberta entramos  em contato com todas as possibilidades, descobrirmos por meio do concreto, dos fatos que os objetivos  se encaixam, que outros rolam, que existem superfícies que são mais macias e outras são rugosas.
No caminho da descoberta da vida experimentamos cheiros e sabores. E todas essas referencias vão nos fornecendo informações que vão dando a bagagem de vida para construirmos nosso repertório. Com o tempo nos desconectando do prazer que estas tentativas maravilhosas de descobertas proporcionaram. Talvez porque a medida que experimentamos, muitas vezes  estamos também em contato maior com alguns risco, risco de cair, de ter acesso a sensações que não são só prazerosas.
Assim, todos nós nos tornamos seres humanos por meio das nossas tentativas e descobertas, descobrimos o Brincar, atividade  que nos acompanha desde que nascemos, pois é por meio do brincar que descobrimos as relações na vida. Que elaboramos quem somos. As brincadeiras e o exercício do brincar – que explora e que descobre novas possibilidades  – são momentos vivos de criatividade.
Todos nós nascemos criativos, todos nós criamos muitas coisas em nossas vidas, é na infância por meio do contato com objetivos mais próximos que vamos explorando a vida, ao nome dessa sucessão de tentativas é chamado processo criativo. São momentos deliciosos e que muitas vezes vem acompanhado de humor. Possibilita a todos a amabilidade, a abertura para o novo e para a socialização. Quando as crianças começam a crescer vivenciando momentos como estes, logo querem compartilhar suas descobertas, são momentos mágicos.
Com a chegada do século XXI  tão cheio de excessos: o de cuidado com as crianças e a contrapartida: o excesso de falta de cuidado em tantos aspectos, resultam em crianças perdidas e com cada vez menos oportunidade e chance de exercitarem a criatividade. Um exemplo são os raros momentos em que as crianças têm a chance de brincarem sozinhas, elas acessam uma série de possibilidades incríveis, mas com o excesso de preocupações que quase todos temos , cada vez menos as crianças podem brincar sozinhas.
Um fato muito comum é quando uma criança ganha um determinado brinquedo e o adulto que está mais próximo, às vezes o pai ou a mãe ou até mesmo a avó, não se contém diante do tempo da criança explorando o objeto e simplesmente começa a ensinar a criança, dizendo olha “funciona assim e não assim”, “olha faça assim”.
Uma grande possibilidade para fomentar esse processo é proporcionar ambientes com materiais não estruturados, ou seja, ambientes onde as crianças possam construir seus brinquedos a partir de elementos simples, como folhas de árvores, pedrinhas, pedaços de madeira ou caixas de papelão.
Pequenos cortes no processo criativo – que quase sempre não são perceptíveis aos adultos, mas que acontecem com frequência -,  contribuem  para que as crianças, aos poucos, deixem de acessar as possibilidades de tudo que está à sua volta, aos poucos elas perdem a coragem de serem naturalmente criativas.
Outro fato muito complicado é que, também aos poucos, profissionais que atuam diretamente com crianças estão constatando que elas, por medo de serem repreendidas, estão cada vez mais com medo de experimentar as possibilidades físicas, como por exemplo correr em ambientes abertos. Muitas crianças ouvem tanto que não é bom correr pois podem se machucar que quando elas tem acesso ao espaço onde podem experimentar suas capacidades e seus limites físicos elas não fazem por medo.
E o que é a coragem? é a ação que vem do coração. A coragem é irmã da confiança. Quem de nós nunca cometeu um ato de coragem? Pare por uns segundos e procure na sua memória quando foi seu último ato de coragem? Tenho certeza que logo que você se lembrar, virá imediatamente uma sensação maravilhosa de superação.
Todos nós já vivemos inúmeros momentos de coragem, mas a nossa vida conduzida por um ritmo alucinante nos impede de termos mais conexões com nossas próprias memórias como estas. Elas são fundamentais, pois a vida é repleta de desafios, sem coragem e sem confiança somos adultos reféns da depressão, da insegurança e do medo.
A possibilidade de começar uma brincadeira onde a criança tropeça, cai e levanta e começa de novo é uma pequena imagem da criança que tem força para recomeçar e tentar novamente até saber o que funciona e que não funciona.
Trata-se de uma imagem que ilustra  o que todas as crianças precisam, elas precisam ter criatividade para explorar a vida e confiança de que vale a pena tentar sempre, pois a vida é bela e verdadeira. Essa capacidade é chamada de resiliência, que significa o talento de levantar apesar do tombo dolorido. De aprender que não é tudo que podemos e que devemos fazer,  mas que ainda assim, cada um de nós tem a chance de viver novas possibilidades com alegria sabendo que vale a pena seguir em frente.
Com o compromisso com estes três conceitos, a Semana Mundial do Brincar, que acontece na última semana de maio, trás este ano um convite para que possamos visitar a infância de cada de nós e reconfigurar nosso compromisso humano com as crianças que estão chegando,  para que vida continue a seguir um fluxo de sermos humanos mais respeitosos, mais amorosos e mais confiantes.
Por Giovana Barbosa de Souza, gestora institucional da Aliança Pela Infância

A criança 0 a 3 anos - Observação e Movimento

POR SUZANA MACEDO SOARES
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        Saber observar a criança pequena é a chave para interagir com ela. Para isso, é preciso aprender a escutar, olhar e sentir o que ela tem a expressar e a comunicar com sua linguagem corporal. Mas, esta atitude de observação deve ser treinada e afinada pelo educador, para que aos poucos se estabeleça entre ele e a criança um vínculo, uma relação de qualidade que favoreça a troca de afeto e o aprendizado.
      A partir de sua vinda ao mundo, o bebê já pode interagir, de acordo com o seu ritmo próprio, que se transforma no decorrer do desenvolvimento. Mas, muitas vezes, um adulto mal preparado estabelece um verdadeiro monólogo no contato com um bebê, demonstrando dificuldade de enxergá-lo como um ser ativo, como alguém que possui capacidade expressiva e comunicativa.
     André Trindade nos aponta a importância da observação corporal. “Como compreender e atender esse pequeno ser que fala uma língua própria? Pela linguagem do corpo encontraremos alguns caminhos de comunicação que podem ser aprendidos por nós adultos”. (Trindade, 2007, p. 18 e 19).
     Este treino de observação pode melhor acontecer em um ambiente preparado, onde a criança pequena se sinta segura e motivada para se locomover livremente, explorando objetos adequados a ela. Neste local, ela pode vivenciar situações de acolhimento, limites e desafios. Entre estes desafios está a interação com os objetos, os adultos e as outras crianças, que representam mediadores importantes no aprendizado, assim como as questões relativas ao espaço e ao tempo.
     Se a ferramenta principal do educador é a observação, ele vai utilizar o saber adquirido a partir desta prática, na organização do tempo, do espaço e dos materiais no ambiente, de modo a favorecer as interações criança/criança e educador/criança, sendo que as crianças pequenas utilizam sua capacidade e sua autonomia para escolher com que objeto, com quem e como vão interagir.
     Emmi Pikler também se baseia nos conceitos de vínculo, observação, autonomia, brincadeira livre e movimento e suas pesquisas com crianças de 0 a 3 anos, realizadas durante os anos em que dirigiu o Instituto Lóczy, um abrigo em Budapeste, muito tem a nos ensinar.
      O papel do educador, segundo a abordagem Pikler-Lóczy, envolve muita observação e bastante cuidado com a interferência direta nas brincadeiras, para não tolher as iniciativas das crianças e promover um sentimento de competência. É fundamental respeitar o ritmo sem interromper a ação e o movimento e, também, confiar na capacidade de cada criança.

As Descobertas da Neurociência e o Brincar

POR MARILENA FLORES MARTINS
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Brincar está voltando ao centro de atenções, tanto nos meios acadêmicos e científicos quanto por parte dos gestores de políticas públicas. Podemos afirmar que, finalmente, os adultos, sejam pais, profissionais ou agentes públicos estão começando a valorizar as brincadeiras como meio fundamental para o desenvolvimento integral das crianças e das relações sociais pacíficas e cidadãs.

A neurociência comprovou que no decorrer de todo o processo de desenvolvimento, mesmo antes do nascimento, o cérebro é influenciado não apenas pela herança genética, mas também pelas condições ambientais, incluindo o tipo de criação, cuidados, ambiente e estimulação recebidos pela criança.

Os cientistas de várias disciplinas já compreenderam a importância do ato de brincar, pois ele abrange um amplo leque de experiências e comportamentos que influenciam diretamente o desenvolvimento das habilidades e competências das crianças, tanto em relação ao aprendizado, quanto ao desempenho afetivo-emocional e social.

Definir o que é brincar parece fácil, mas não é. Ele tem padrões determinados. As teorias que estudam as crianças concordam que brincar é importante e que ele existe para algum propósito. Isto implica em dizer que, quando a criança brinca, alguma coisa acontece. Alguns dizem que a criança aprende pela brincadeira, se torna emocional e fisicamente saudável e muito mais. Resumindo, toda a sorte de coisas boas acontece por causa das brincadeiras. Isto é bom para as crianças, por ser natural para elas. As crianças brincam o tempo todo, em qualquer lugar e não precisam dos adultos para isso. É só observá-las em locais onde aparentemente não há nada para brincar, como em um supermercado ou feira livre, por exemplo.

O problema é que os adultos têm o hábito de interferir, ou na melhor das hipóteses, de ajudar. No caso do brincar, parece que muitos deles gostam de “dar uma mãozinha” para que o brincar faça o que eles acham que deva fazer. Isto só acontecerá se deixarmos com que as crianças brinquem sozinhas. Porém, algumas interferências podem ajudar. Por exemplo: professores podem utilizar jogos para desenvolver habilidades importantes para o currículo escolar; especialistas podem usar brinquedos para tornar a estada de crianças no hospital, mais amena e comunicar a elas o que irá acontecer enquanto estiverem lá.

A formação do vínculo positivo e harmonioso entre os seres humanos se inicia no vínculo mãe e filho, com as primeiras trocas de sorriso, carinho e alegria, gerando confiança e produzindo um modelo que se replicará por toda a vida. Á medida em que as crianças crescem e se desenvolvem, suas habilidades e competências começam a emergir pela exploração das brincadeiras, principalmente as que promovem a estimulação sensorial. Assim, brincar com objetos coloridos, de diferentes texturas e sons na primeira infância, pode contribuir para o surgimento de pessoas bem sucedidas e talentosas, fato já comprovado por pesquisas científicas, em diferentes países.

Os adultos que têm sucesso na sua vida pessoal e profissional, certamente, são os que tiveram uma infância com muitas oportunidades para brincar e conviver alegremente com seus pares, além da própria família. Não podemos nos esquecer de que o brincar acontece quando as crianças fazem o que têm de fazer, isto é quando deixadas por sua própria conta para decidir do que brincar e com quem brincar.

Para realmente oferecermos às crianças as oportunidades adequadas para brincar, precisamos lembrar que elas tanto podem ser um pouco de terra com água para fazer um “bolo”, quanto uma lente de aumento para observar formigas. Resumindo, se conduzido pela criança é brincar, se conduzida pelo adulto é atividade.

Esta seria a melhor definição para o papel do adulto que conhece e respeita a necessidade de brincar das crianças: “É a arte e a ciência de facilitar a brincadeira das crianças”. Facilitadores são pessoas que tornam as coisas mais fáceis para os outros. As pessoas que utilizam essa metodologia fazem com que brincar fique mais fácil para as crianças.

Lembramos ainda que brincar também é um direito da Criança, assegurado pelo Artigo 31 da Convenção dos Direitos da Criança que, no seu Comentário Geral (www2.ohchr.org/english/bodies/crc/comments.htm ) sobre o mesmo destaca que governantes e legisladores devem adotar medidas específicas, visando respeitar e proteger o direito de cada criança, individualmente ou em grupo, para atender aos seus direitos segundo o Artigo 31, incluindo entre outros:

• Apoio para profissionais, pais e cuidadores com orientação, facilitação e apoio sobre o Artigo 31, o que pode ser na forma de orientação prática;

• Atuação para desafiar atitudes culturais muito difundidas que agregam pouco valor aos direitos contidos no Artigo 31, incluindo informação pública sobre o significado do mesmo e medidas para desafiar atitudes negativas difundidas;

•   Legislação para garantir o acesso de cada criança, sem discriminação em nenhum nível, às oportunidades oferecidas pelo Artigo 31;

• Legislação e planejamento para assegurar que cada criança tenha tempo e espaço suficiente em sua vida para o exercício dos direitos contidos no Artigo 31, juntamente com cronograma de execução e recursos suficientes para a mesma.

No entanto, será preciso a participação de todos os atores sociais, para oferecer à Primeira Infância, as condições necessárias para o seu pleno desenvolvimento, com conseqüências positivas para toda a sociedade brasileira. Neste sentido, o aprofundamento dos estudos sobre o brincar contribuirá para a compreensão das bases ideais para que esse desenvolvimento ocorra de forma harmoniosa e consistente.

Marilena Flores Martins é Assistente Social, consultora na área do brincar e do Desenvolvimento Social. Co-fundadora da IPA Brasil- Associação Brasileira pelo Direito de Brincar e à Cultura (www.ipabrasil.org).
Ilustração: Jeff Camargo